Diante da imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o governo Lula avalia um conjunto de medidas que vão desde a diversificação de parcerias comerciais até a retaliação, caso as demais estratégias falhem. A decisão de Trump, justificada por questões políticas relacionadas a processos judiciais envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, pegou o governo brasileiro de surpresa, principalmente pelo componente político envolvido.
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Uma das primeiras frentes de ação do governo brasileiro é a intensificação das negociações para acordos comerciais com diversos países e blocos econômicos. O objetivo é ampliar as opções de mercado para os produtos brasileiros e reduzir a dependência das exportações para os Estados Unidos. Entre os parceiros prioritários, destacam-se a União Europeia, Canadá, Austrália, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Vietnã e Indonésia.
Apesar dos esforços, o desafio é considerável, uma vez que os Estados Unidos representam o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com um fluxo de US$ 80 bilhões em 2024. Historicamente, a balança comercial tem sido favorável aos americanos, que acumularam um superávit de US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos.
Um acordo crucial em discussão é o Mercosul-União Europeia, que pode gerar um incremento de até R$ 37 bilhões nas transações comerciais do Brasil até 2044. A aprovação do acordo depende do aval do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia, enfrentando resistência da França. Outro acordo em fase final de negociação é com a EFTA, que reúne Islândia, Noruega, Liechtenstein e Suíça, com potencial para adicionar US$ 2,69 bilhões ao PIB brasileiro até 2044. Há ainda a possibilidade de um acordo com o Canadá, retomando conversas interrompidas durante o governo Bolsonaro.
O governo aposta também no desgaste da oposição brasileira, na expectativa de que o impacto negativo das tarifas leve membros do bolsonarismo a pressionar Trump pela revogação. A estratégia visa evitar que a situação fortaleça a candidatura de Lula à reeleição em 2026. A disputa pela narrativa em torno das tarifas, especialmente nas redes sociais, também é vista como fundamental.
Caso as estratégias políticas e comerciais não surtam efeito, o governo brasileiro não descarta a retaliação, aplicando tarifas sobre produtos ou serviços originários dos Estados Unidos. Essa medida se basearia na Lei de Reciprocidade Econômica, que autoriza o governo a responder a sanções comerciais impostas ao Brasil. O governo trabalha com o prazo inicial de 1º de agosto, data em que as tarifas de Trump devem entrar em vigor, mas pode optar por uma resposta mais tardia. A definição dos setores americanos que seriam alvos das tarifas brasileiras ainda não foi feita, priorizando evitar prejuízos a setores econômicos nacionais. Setores como patentes de produtos farmacêuticos e royalties sobre produções audiovisuais são cogitados, além da alteração na taxação sobre remessas de dividendos de multinacionais americanas.