Ameaça do presidente dos EUA é novo capítulo de ruptura com o bilionário, dono da Tesla, X e SpaceX. Musk critica megapacote fiscal proposto por Trump, que está em tramitação no Congresso americano. O presidente eleito Donald Trump ouve Elon Musk enquanto chega para assistir ao lançamento de teste do mega foguete Starship da SpaceX, a partir da Starbase em Boca Chica, Texas, em 19 de novembro de 2024.
Imagem: Brandon Bell/Associated Press
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (1º) que “teremos que dar uma olhada” se seu governo deportará o bilionário Elon Musk, dono da Tesla, X e SpaceX e ex-aliado que rompeu com ele no final de maio.
Perguntado sobre uma repórter se ele iria deportar Musk, Trump disse não saber, em vez de negar.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Resumo rápido gerado automaticamente
“Não sei [se vai deportar Musk], acho que vamos ter que dar uma olhada nisso. Talvez a gente tenha que colocar o DOGE (Departamento de Eficiência Governamental) em cima do Elon. Sabe o que é o DOGE? O DOGE é o monstro que talvez tenha que voltar e comer o Elon. Não seria terrível?”, afirmou o presidente americano.
A fala remeteu a um post nas redes sociais que ele fez durante a madrugada, no qual insinuou que o DOGE deveria analisar os incentivos federais recebidos pelas empresas de Musk.
O presidente insinuou também, em publicação em sua rede social Truth Social na madrugada desta terça-feira (1º), que os negócios de Musk só existem por conta dos subsídios. A fala ocorreu poucas horas após o bilionário sugerir que criaria um novo partido político nos EUA, chamado “Partido da América”, caso o Congresso aprove um megapacote fiscal proposto pelo presidente Donald Trump.
“Elon talvez receba mais subsídios do que qualquer ser humano na história, de longe, e sem esses subsídios, ele provavelmente teria que fechar as portas e voltar para a África do Sul. Nada de lançamentos de foguetes, satélites ou produção de carros elétricos — nosso país economizaria uma fortuna. Talvez devêssemos pedir para o DOGE dar uma boa olhada nisso? Há muito dinheiro para economizar!”, disse Trump na publicação.
Musk atuou como chefe do DOGE entre janeiro e maio deste ano, quando ainda era aliado e conselheiro de Trump. O bilionário havia sido nomeado pelo presidente sob a promessa de cortar US$2 trilhões em gastos federais e encerrou milhares de empregos e contratos.
Ainda na publicação desta terça-feira, Trump diz que o bilionário sabia de sua política contrária ao “mandato do carro elétrico”. “Carros elétricos são bons, mas ninguém deveria ser forçado a ter um”, afirmou.
Em junho, Trump já havia dito que o bilionário estava irritado com seu governo porque o republicano “acabou” com as políticas.
▶️ “Mandato do carro elétrico” é um apelido dado por Trump às políticas de descarbonização e eletrificação implementadas durante o governo do ex-presidente Joe Biden, que incentivavam a produção de veículos sustentáveis na indústria automotiva americana.
Trump fala de Musk em nova postagem em sua rede social Truth Social
Reprodução/Truth Social
Trump e Musk vem trocando provocações desde o rompimento de uma dupla que se apoiava. (Leia mais abaixo).
Na noite desta segunda (30), Musk chegou a afirmar que pode criar um novo partido político nos Estados Unidos caso o Congresso aprove um megapacote fiscal proposto pelo presidente Donald Trump.
O bilionário disse ainda que fará de tudo para que os congressistas que apoiarem a medida percam as próximas eleições. Musk foi o principal financiador da campanha republicana em 2024. No ano que vem, haverá novas eleições para renovar a Câmara dos Representantes e parte do Senado.
De acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso, o projeto que está sendo criticado por Musk pode ter um impacto de US$ 3,3 trilhões na dívida pública. Entre os principais pontos da medida estão:
Mantém e amplia cortes de impostos para famílias e empresas.
Eleva o valor da dedução padrão no imposto de renda para casais e famílias.
Cria uma dedução para idosos e para trabalhadores que recebem gorjetas, como garçons.
Amplia benefícios fiscais para empresas.
Revoga incentivos para energia solar e eólica e dá novos benefícios para o carvão.
Prevê novas regras para o sistema de saúde pública, conhecido como Medicaid.
Aumenta o limite da dívida pública dos EUA para evitar calote.
Trump e Musk, ex-aliados, agora trocam farpas nas redes sociais
O presidente dos EUA, Donald Trump, e Elon Musk participam de uma coletiva de imprensa no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, D.C., EUA, em 30 de maio de 2025.
Reuters/Nathan Howard
No fim de maio, Musk deixou o governo após comandar o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês). Ele havia sido nomeado por Trump para cortar gastos federais. O bilionário encerrou milhares de empregos e contratos.
Apesar da saída discreta, Trump elogiou Musk em uma cerimônia que marcou o fim do mandato do bilionário à frente do DOGE.
Uma semana depois, no entanto, os dois protagonizaram uma briga pública. Durante um encontro com o chanceler alemão Friedrich Merz, na Casa Branca, Trump afirmou estar decepcionado com Musk por causa das críticas que o bilionário fez ao projeto de lei que tramita no Congresso.
Trump disse ainda que Musk já sabia que o projeto seria enviado ao Congresso e que não sabe se eles terão “uma ótima relação como antes”.
Pouco depois, Musk respondeu pelo X. Ele negou ter sido informado sobre o projeto e afirmou que Trump estava sendo ingrato: “Sem mim, Trump teria perdido a eleição”.
Em seguida, Trump reagiu no Truth Social com uma ameaça: “A maneira mais fácil de economizar bilhões e bilhões de dólares em nosso Orçamento é encerrar os subsídios e contratos governamentais de Elon Musk”.