Isabela, aos cinco anos, encanta-se com brincadeiras, desenhos e a vida na Educação Infantil. Um contraste notável com o passado recente, marcado por longas horas diante de vídeos no celular dos pais. O comportamento típico para sua idade representa uma transformação para a família. Antes do acompanhamento psicológico e da restrição do tempo de tela, Isabela apresentava agressividade e impaciência.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Resumo rápido gerado automaticamente
Um estudo internacional, realizado pelo Sapien Labs nos Estados Unidos, com 2 milhões de participantes em 163 países, associa o uso de smartphones antes dos 13 anos a sintomas como ideação suicida, baixa autoestima e dificuldade no manejo das emoções. Os dados foram coletados através de autorrelatos.
Especialistas recomendam que crianças menores de dois anos não tenham contato com telas, enquanto, entre dois e cinco anos, o tempo de uso seja limitado a uma hora diária.
A psicóloga Evelyn Madruga observa em seu consultório um aumento significativo de casos de alterações comportamentais ligadas ao uso excessivo de smartphones. Segundo ela, as telas prejudicam a interação social, a criatividade e promovem a desconexão com o mundo real. “Brincar é fundamental. Através da brincadeira, a criança elabora suas dificuldades, angústias e tristezas, contribuindo para um desenvolvimento adulto saudável”, afirma. A dificuldade em regular as emoções e lidar com frustrações pode levar a irritabilidade e agressividade, como no caso de Isabela.
A escola alertou os pais sobre o comportamento agressivo de Isabela com os colegas, incentivando-os a buscar ajuda. Maria Cícera de Oliveira, mãe de Isabela, relata que o comportamento da filha mudou após a implementação de uma rotina e a limitação do uso do celular para uma hora por dia. “Desde bebê, ela estava acostumada com e vídeos infantis no celular”, explica Maria Cícera, que inicialmente não percebia a dimensão do problema, pois a filha “ficava mais quieta, não estava dando trabalho”.
Com o apoio da psicóloga Evelyn Madruga, os pais de Isabela se comprometeram a modificar a rotina da filha, substituindo o celular por brincadeiras, desenhos e passeios ao ar livre. Apesar da dificuldade inicial, a família está se adaptando à nova rotina.
A participação familiar é crucial para o sucesso do tratamento infantil, enfatiza a psicóloga Evelyn Madruga. Em seu consultório, ela promove a psicoeducação, auxiliando a criança a compreender suas emoções. Em casa, os pais são orientados a reforçar ou eliminar fatores que influenciam o comportamento da criança, como o uso do celular e a inclusão de brincadeiras.
A psicóloga Thaísa Vasconcelos, especialista em crianças atípicas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), destaca que o uso excessivo de telas pode intensificar o TDAH, tornando as crianças mais impulsivas e com desregulação emocional. “Muitas vezes, é necessário ensinar à criança o repertório de brincar, trazer amigos para casa e incentivar a interação”, completa.