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Unicef solicita ações para proteção da infância Yanomami

Unicef lança relatório sobre os desafios enfrentados pelas crianças Yanomami devido à invasão garimpeira e seus impactos socioambientais, como a contaminação por mercúrio. [...]

Relatório aponta desafios enfrentados por crianças e adolescentes Yanomami devido à invasão garimpeira e problemas socioambientais

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O Unicef, com apoio da Hutukara Associação Yanomami (HAY), divulgou um relatório que detalha os desafios enfrentados por crianças e adolescentes Yanomami devido à invasão garimpeira, que causou a morte de ao menos 570 crianças por doenças evitáveis entre 2019 e 2022. A atividade ilegal impactou a saúde, com a contaminação dos rios por mercúrio (atingindo níveis 8.600% acima do aceitável em alguns rios, segundo a Polícia Federal) e a segurança alimentar, afetando a caça e a coleta. O relatório também destaca a exploração de jovens Yanomami no garimpo e a necessidade de garantir água limpa, educação, saúde e segurança para essa população, que tem 75% de seus membros com menos de 30 anos.

Unicef lança relatório sobre os desafios enfrentados pelas crianças Yanomami devido à invasão garimpeira e seus impactos socioambientais, como a contaminação por mercúrio.

O relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), divulgado nesta quarta-feira (15) com o apoio da Hutukara Associação Yanomami (HAY), detalha que a invasão garimpeira na terra Yanomami tem aprofundado os desafios enfrentados pelas crianças e adolescentes desse povo indígena. Entre 2019 e 2022, período de pico da atividade ilegal, foram registradas ao menos 570 mortes de crianças por doenças evitáveis, como desnutrição, malária e pneumonia. Ana Maria Machado, antropóloga e uma das autoras do relatório, enfatiza a relação entre o garimpo e o ciclo de adoecimento crônico da população.

A atividade ilegal não só causou problemas socioambientais, como a contaminação dos rios com mercúrio, mas também impactou os processos de caça, coleta e manutenção de roças, segundo o relatório. O povo Yanomami, composto por cerca de 31 mil pessoas, ocupa uma área de 9,6 milhões de hectares entre Roraima e Amazonas, com 390 comunidades.

Em 2023, o Governo Federal decretou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional no território, triplicando o número de profissionais de saúde e reabrindo unidades de atendimento. Apesar dos esforços, o relatório alerta que os desafios persistem. Dados de 2022 indicam que, das 4.245 crianças Yanomami acompanhadas pelo serviço de Vigilância Alimentar e Nutricional, mais da metade (2.402) estavam abaixo do peso devido à desnutrição. Os casos de malária entre crianças de até cinco anos de idade, entre 2019 e 2022, somaram 21 mil, número próximo ao acumulado nos dez anos anteriores.

Outro fator de mortalidade é a contaminação dos cursos de água por mercúrio, utilizado no garimpo. Laudo da Polícia Federal de 2022 apontou que amostras de água dos rios Uraricoera, Parima, Catrimani e Mucajaí apresentavam teor de mercúrio 8.600% acima do aceitável para consumo humano. O relatório do Unicef também destaca a exploração de jovens Yanomami por grupos ilegais, que os cooptam para o trabalho no garimpo, além de explorar sexualmente as meninas.

O estudo ressalta que 75% da população da terra indígena tem menos de 30 anos, evidenciando a importância de considerar essa parcela da população, que apresenta diversidade entre si, com seis línguas diferentes. O chefe de emergências do UNICEF no Brasil, Gregory Bulit, conclui que o relatório busca ser uma referência atemporal para aqueles que atuam junto aos Yanomami, auxiliando organizações e profissionais a entenderem as particularidades para trabalhar com essas populações. O Unicef recomenda que sejam garantidas água limpa, educação, assistência de saúde de qualidade e segurança, para que possam desenvolver-se em uma terra livre de invasores.

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