Campo Grande, MS – A criação de um tratado alfandegário supranacional é essencial para viabilizar e impulsionar a competitividade da Rota Bioceânica, corredor logístico que ligará o Brasil aos portos do norte do Chile, passando por Paraguai e Argentina. A afirmação foi feita pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, durante o III Encontro de Lideranças da Associação Sul-Mato-Grossense de Suinocultores (Asumas).
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Segundo Verruck, o foco principal é a questão alfandegária, visando uma rota de valor agregado e contêineres, em vez da exportação de commodities tradicionais. “A Rota Bioceânica não é uma rota para exportar soja ou milho. É uma rota de valor agregado, é uma rota de contêiner”, enfatizou o secretário.
Desafios e Soluções Propostas
A harmonização das regulações aduaneiras entre os países envolvidos é crucial para a viabilização da Rota. Verruck propõe um modelo semelhante ao da Hidrovia Paraguai-Paraná, que exigiu um tratado específico. “Nós vamos ter que criar um tratado da Rota Bioceânica, para que ele seja uma lei supranacional, aprovado pelos senados de cada país, e, a partir daí, pendurar novas regulamentações alfandegárias”, explicou.
Atualmente, questões sanitárias e barreiras burocráticas representam entraves significativos. Verruck citou o processo de importação via Corumbá (MS) como exemplo, onde fiscais sanitários atuam de forma limitada no Porto Seco. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) disponibilizou recursos para consultorias especializadas que auxiliarão na criação de um modelo alfandegário conjunto.
Vantagens e Obstáculos
Estudos em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apontam para o potencial da proteína animal, com ganhos logísticos e tarifários. “Os portos chilenos são 39% mais baratos do ponto de vista tarifário e o tempo de viagem é 16 a 17 dias menor do que pelo Canal do Panamá. Mas precisamos vencer o gargalo da burocracia para não perder essa vantagem”, afirmou Verruck.
Outro desafio é o transporte, já que nenhum dos países da rota permite a circulação de bitrens. Verruck também destacou o investimento do Paraguai em infraestrutura rodoviária, com uma nova rota de Carmelo Peralta até Pozo Hondo.
A articulação para o tratado alfandegário está sendo liderada pelo Ministério das Relações Exteriores, com apoio de outros órgãos. A previsão é que as obras de infraestrutura da Rota Bioceânica estejam prontas nos próximos dois anos. O governo de Mato Grosso do Sul foca em garantir o marco legal necessário para transformar o perfil logístico e econômico da região.
Fonte: campograndenews.com.br