A Assembleia Geral da ONU de 2025, que se inicia em Nova York, pode testemunhar o primeiro encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump como chefes de Estado, em um contexto de crescente tensão entre Brasil e Estados Unidos. A possibilidade surge em meio à implementação de tarifas de 50% impostas por Washington sobre produtos brasileiros.
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Embora não haja uma reunião bilateral confirmada, fontes próximas à delegação brasileira indicam a existência de uma antessala para os presidentes antes e depois dos discursos na sessão plenária. Tradicionalmente, o Brasil abre os discursos na Assembleia Geral.
Em declarações anteriores, Lula expressou não ter “problema pessoal” com Trump e afirmou que o cumprimentaria caso se cruzassem nas dependências da ONU. “Eu sou um cidadão civilizado. Eu converso com todo mundo, eu estendo a mão para todo mundo”, disse o presidente.
Apesar da ausência de planos para um encontro formal, um assessor especial da Presidência ressaltou que “nada é imutável” caso surjam gestos que justifiquem uma reunião. Uma expectativa anterior de encontro entre Lula e Trump em junho, durante a cúpula do G7 no Canadá, não se concretizou devido à partida antecipada do presidente americano.
A escalada de desentendimentos teve início com a classificação de Trump das acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro como uma “caça às bruxas”, seguida do anúncio da sobretaxa de 50% sobre importações brasileiras. Lula reagiu à medida chamando-a de “chantagem inaceitável” e prometendo retaliar. Em resposta, o governo brasileiro regulamentou a Lei de Reciprocidade, estabelecendo mecanismos de resposta a sanções estrangeiras.
Em vigor desde o início de agosto, as tarifas norte-americanas foram acompanhadas pela condenação de Bolsonaro pelo STF, reacendendo a disputa. Trump criticou o julgamento, anunciou restrições de vistos a ministros da Corte, e Lula defendeu a democracia brasileira em um artigo publicado em um americano. No texto, Lula criticou as tarifas impostas por Washington e rebateu a ideia de perseguição política no Brasil.
A presença dos dois líderes na ONU deve ser acompanhada de perto por diplomatas e observadores internacionais, buscando sinais de disposição para frear a escalada de atritos entre Brasília e Washington. Especialistas consideram improvável um esforço real de diálogo na Assembleia Geral, dada a firmeza das posições de ambos os lados. Segundo eles, qualquer contato entre os líderes será meramente formal, possivelmente limitado a um cumprimento rápido antes dos discursos. A expectativa é que ambos os presidentes usem seus discursos para se dirigirem principalmente aos seus eleitores domésticos.