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Mães de Cabo Frio: Julgamento na Corte IDH expõe dor e busca por justiça

A Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) realizou, em Assunção, Paraguai, a primeira audiência pública do julgamento do caso “Mães de Cabo Frio vs. [...]

A Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) realizou, em Assunção, Paraguai, a primeira audiência pública do julgamento do caso “Mães de Cabo Frio vs. Brasil”. O processo investiga violações de direitos humanos relacionadas à morte de aproximadamente 96 recém-nascidos na UTI neonatal da Clínica Pediátrica da Região dos Lagos (Clipel), em Cabo Frio (RJ), entre junho de 1996 e março de 1997.

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A Corte IDH julgou o caso "Mães de Cabo Frio vs. Brasil", investigando a morte de cerca de 96 recém-nascidos na UTI da Clipel, em Cabo Frio (RJ), entre 1996 e 1997, devido a supostas infecções hospitalares. Familiares relataram negligência e falta de suporte, enquanto o Estado brasileiro pediu desculpas pelas falhas e omissões, reconhecendo a operação irregular da clínica. A representante das famílias criticou a proposta de acordo do Estado, e a Corte IDH pode obrigar o Brasil a pagar indenizações e implementar medidas preventivas. As alegações finais serão apresentadas até o final de outubro, e a sentença será divulgada nas semanas seguintes.

Familiares, advogados das vítimas, representantes do Estado brasileiro e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) participaram da sessão. A sentença será divulgada após a apresentação das alegações finais escritas pelas partes.

Helena Gonçalves dos Santos, que perdeu sua filha, relatou negligência no atendimento, falta de acesso à filha após o parto e omissão de informações sobre o estado de saúde da bebê. Ela expressou a dor de não terem tido a oportunidade de amamentar e de não terem recebido suporte após a perda.

Cesar Alejandro Nicolas Eboli, marido de Marcela Beatriz, também compartilhou a experiência da morte de seu filho, decorrente de uma infecção hospitalar após uma internação considerada desnecessária na UTI. Segundo ele, um médico neonatal amigo da família constatou que o bebê foi infectado logo após a internação e que o antibiótico administrado não era o correto.

Os relatos reforçaram a alegação de que os bebês foram vítimas de infecções hospitalares, resultado de práticas inadequadas de vigilância sanitária.

Durante a audiência, o Estado brasileiro pediu desculpas pelas violações de direitos humanos relacionadas às mortes. A advogada da União, Ílina Pontes, reconheceu que a operação da clínica sem as devidas autorizações e inspeções representou uma falha na obrigação estatal de proteger as crianças. O Estado também se desculpou por manifestações consideradas discriminatórias do Ministério da Saúde durante a apuração dos fatos.

A advogada Daniela Fichino, representante das famílias, criticou o reconhecimento feito pelo Estado brasileiro e a proposta de acordo apresentada, descrevendo-a como vazia de conteúdo. Ela questionou o pedido de desculpas e afirmou que o Estado só procurou as famílias para um acordo após a marcação da audiência na corte internacional.

A presidenta da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Roberta Clarke, afirmou que o Estado brasileiro não tomou a iniciativa de reparar as famílias e que a Corte pode trazer justiça para elas.

Após a audiência, as partes têm até o final de outubro para apresentar alegações finais por escrito. A sentença será divulgada nas semanas seguintes. Caso seja condenado, o Brasil poderá ser obrigado a pagar indenizações, oferecer assistência psicológica, reabrir investigações e implementar medidas para prevenir novas mortes em UTIs neonatais.

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