Presidente do CNS e outras vozes clamam por protagonismo das comunidades tradicionais no debate global sobre o clima, destacando o sofrimento direto e a importância da justiça territorial.
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Lideranças extrativistas e comunidades tradicionais clamam por maior protagonismo no debate climático, destacando o sofrimento direto com as mudanças e a importância da COP30.
Em Belém, a participação ativa dos povos da floresta na próxima Conferência do Clima (COP30), marcada para novembro, foi veementemente defendida nesta terça-feira (14) por Julio Barbosa de Aquino, presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS). Ele enfatizou que essas comunidades são as mais diretamente afetadas pelas mudanças climáticas, tornando sua voz indispensável nas discussões globais.
A fala ocorreu durante o evento Pré-COP dos Povos e Comunidades Tradicionais, o primeiro de quatro encontros preparatórios focados em temas socioambientais dos seis biomas brasileiros. Os resultados dessas discussões serão apresentados na COP30. Aquino ressaltou que quem vive da agricultura familiar na floresta sofre imensamente, enfrentando, por exemplo, rios intrafegáveis que impedem a chegada de alimentos e a saída de produção para o comércio, bem como o acesso a serviços como merenda e transporte escolar.
A secretária nacional de povos e comunidades tradicionais do Ministério do Meio Ambiente, Edel Moraes, confirmou que as reivindicações de quilombolas, indígenas e extrativistas integram a agenda do governo federal para a COP. Ela mencionou a criação do Círculo dos Povos como uma inovação da presidência da conferência e destacou o sucesso do ministério em reduzir o desmatamento, beneficiando diretamente essas comunidades.
Da Baixada Maranhense, a quebradeira de coco Maria Nice Machado Aires defendeu a importância de proteger e expandir as reservas extrativistas existentes e futuras. Segundo ela, essas comunidades são modelos de fortalecimento florestal, aplicando uma política diferenciada que abrange aspectos ambientais, sociais e culturais.
Ângela Mendes, presidenta do Comitê Chico Mendes e filha do icônico líder seringueiro, reforçou a necessidade de a COP em Belém reconhecer o legado de luta desses povos. Ela argumentou que a justiça climática é inseparável da justiça territorial e do reconhecimento dos direitos e da relevância dessas comunidades, sublinhando também o papel crucial da comunicação feita pelos jovens para avanços significativos.
José Otávio Passos, diretor da organização The Nature Conservancy, criticou a concentração histórica das conferências climáticas nos debates sobre energia e combustíveis para países desenvolvidos. Ele defendeu que a COP na Amazônia é uma oportunidade única para priorizar as necessidades dos povos da floresta, focando nas crises de biodiversidade e social, e colocando as pessoas e comunidades no centro do debate climático.