Enquanto a final da Eurocopa e da Copa América Feminina foram separadas por apenas uma semana, um contraste gritante marcou as duas competições. A disparidade entre a organização e o investimento da UEFA em comparação com a Conmebol no futebol feminino é evidente tanto em números quanto em organização. A Eurocopa quebrou recordes de público e audiência, enquanto a Copa América enfrentou críticas por infraestrutura precária, falta de público e, segundo relatos de jogadoras, descaso com a modalidade.
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A jogadora da seleção brasileira e do Manchester City, Kerolin, expressou sua frustração nas redes sociais, destacando a diferença “surreal” em estrutura, audiência e investimento, descrevendo a situação como “desanimadora” e ressaltando que estrutura seria o mínimo necessário. Ela ainda comparou as instalações, mencionando que enquanto a Eurocopa apresentava tecnologias inovadoras, o aquecimento da seleção brasileira era realizado em um espaço pequeno e inadequado.
A Conmebol exige desde 2016 que os times participantes da Copa Sul-Americana e Libertadores possuam equipes femininas, com a regra entrando em vigor em 2019. No entanto, o suporte oferecido às equipes, mesmo com a existência da Libertadores feminina, ainda é considerado insuficiente. Em 2024, jogadoras do Corinthians, após conquistarem o pentacampeonato, divulgaram um vídeo pedindo maior atenção à modalidade e mostraram imagens do ônibus utilizado para o transporte da equipe, que se encontrava em condições precárias.
As atletas do Corinthians protestaram contra a falta de divulgação, o limite no número de atletas inscritas, o intervalo inadequado entre os jogos, as condições ruins dos gramados e as mudanças de sede de última hora.
As críticas se estenderam à Copa América, com manifestações de Arthur Elias, Marta, Ary Borges e jogadoras de outras seleções. Ary Borges classificou a atuação da Conmebol como “ridícula”. Uma das principais reclamações era a limitação de estádios utilizados na Copa América, com vários jogos da fase inicial sendo realizados no mesmo dia e local, com um curto intervalo entre as partidas, impossibilitando o aquecimento adequado das equipes. Após a repercussão das reclamações, a Conmebol permitiu o uso do gramado por 15 minutos antes dos jogos. Em contraste, a Eurocopa utilizou oito estádios.
Os números de público também revelam a disparidade. A Eurocopa registrou ingressos esgotados em 29 dos 31 jogos, com um público recorde de 623.088 espectadores antes da final. Na Copa América, o maior público foi na final, com cerca de 25 mil pessoas. As demais partidas registraram uma média de 300 espectadores por jogo.
A diferença orçamentária também é significativa. A Conmebol premiou a seleção brasileira campeã com US$ 1,5 milhão, enquanto cada uma das 16 seleções europeias recebeu essa quantia apenas pela participação no torneio. A Eurocopa destinou 41 milhões de euros em premiação, divididos entre as equipes.
A UEFA lançou o projeto Unstoppable, que prevê investimentos significativos no futebol feminino até 2030, visando torná-lo o esporte mais praticado entre mulheres e meninas na Europa, além de aumentar o número de ligas profissionais. As metas incluem tornar a Europa o lar das melhores jogadoras do mundo, com ligas profissionais e atletas bem remuneradas, e garantir que o futebol feminino seja celebrado por seus valores e comunidade.