O silêncio da comunidade internacional diante da escalada da crise entre Brasil e Estados Unidos, impulsionada por Donald Trump, é um dos aspectos mais alarmantes do cenário, avalia Christopher Sabatini, pesquisador da Chatham House. A ausência de manifestações da União Europeia, da ONU ou da OEA, enquanto o governo americano impõe tarifas e sanções, preocupa o analista.
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Sabatini destaca a gravidade da situação, que considera uma intervenção flagrante na soberania e nas instituições democráticas brasileiras. Segundo ele, a falta de reação internacional reforça a percepção de que os EUA mantêm o controle sobre a América Latina, ecoando a antiga Doutrina Monroe.
O pesquisador aponta que o silêncio de muitos países se deve a suas próprias disputas com o governo americano, resultando em um clima de “cada um por si” que impede a cooperação contra medidas consideradas abusivas. O fato de a intervenção ocorrer na maior economia da América Latina demonstra a força do governo Trump.
Para Sabatini, mesmo que o bolsonarismo se fortaleça com o apoio de Trump, a opinião pública brasileira pode se voltar contra Jair e Eduardo Bolsonaro quando os impactos econômicos das tarifas forem sentidos. Isso poderia favorecer tanto o governo Lula quanto o surgimento de uma nova liderança dentro do movimento bolsonarista.
O analista prevê que a crise pode se agravar nos próximos meses, com o julgamento de Bolsonaro no STF e as eleições presidenciais de 2026. Caso Bolsonaro seja condenado, os EUA poderiam aumentar a pressão sobre o Brasil, com sanções individuais a membros do governo Lula.
A solução para a crise, segundo Sabatini, pode vir do Congresso americano, se senadores democratas conseguirem impedir a guerra comercial de Trump e limitar seus poderes. Ele conclui que negociações diretas são improváveis, pois ambos os lados teriam perdas políticas significativas.