Gastos com pessoal avançam 15,2% em um ano, comprometendo mais da metade da receita municipal.
A proposta orçamentária de 2026 revela que gastos com servidores crescem sete vezes mais que o orçamento total de Campo Grande.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Resumo rápido gerado automaticamente
A proposta da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026, encaminhada pela prefeita Adriane Lopes à Câmara Municipal, expõe um cenário de crescimento expressivo nas despesas com pessoal e uma preocupante tendência de inchamento da máquina pública em Campo Grande.
Embora o orçamento total estimado seja de R$ 6,97 bilhões e apresente um aumento tímido de apenas 1,5% em relação a 2025, o gasto com servidores municipais avança em ritmo muito superior, crescendo 15,2% em apenas um ano.
Segundo o projeto, a folha de pagamento e os encargos sociais devem somar R$ 3,91 bilhões em 2026, o que representa 56% de todas as despesas do município e mais da metade da receita corrente líquida (RCL), projetada em R$ 6,6 bilhões. Em 2025, o gasto era de R$ 3,39 bilhões, um aumento de mais de meio bilhão de reais.
Apesar de o índice de comprometimento da RCL com pessoal, estimado em 52,99%, ainda estar abaixo do limite prudencial de 54% previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o avanço para 2026 indica que o município caminha para o teto legal de 60%. Em outras palavras, Campo Grande gasta cada vez mais com pagamentos de servidores.
Folha em alta, investimentos em queda
A prefeita Adriane Lopes justifica o aumento com a necessidade de “recomposição salarial” e ampliação de quadros nas áreas de saúde e educação, mas o ritmo de crescimento dos gastos de pessoal, sete vezes maior que o aumento do orçamento total, levanta questionamentos sobre a falta de controle e de planejamento fiscal.
Enquanto a Secretaria de Educação (SEMED) e o Fundo Municipal de Saúde (FMS) consomem juntas mais de R$ 3,8 bilhões, cerca de 55% do orçamento, o espaço para novos investimentos e políticas públicas inovadoras praticamente desaparece. O próprio Instituto Municipal de Previdência (IMPCG), que representa R$ 731,8 milhões, já absorve quase 11% de todo o orçamento, mostrando o peso crescente das obrigações previdenciárias.
A LOA 2026 deixa evidente que o principal fator de pressão sobre as contas públicas de Campo Grande é o aumento da despesa com pessoal. O crescimento acelerado da folha, combinado com o peso dos encargos previdenciários, expõe a falta de controle e de priorização da gestão Adriane Lopes.
Embora a cidade ainda esteja dentro dos limites da LRF, o cenário aponta para um alerta fiscal: se a prefeita não adotar medidas efetivas de contenção e gestão de pessoal, Campo Grande corre o risco de ver seu orçamento estrangulado, comprometendo o futuro financeiro do município e a qualidade dos serviços prestados à população.
