A atual edição da Copa América feminina, que acontece no Equador, escancara a falta de valorização do futebol feminino sul-americano. Incidentes na primeira rodada da fase de grupos evidenciaram o tratamento desigual, quando as seleções foram inicialmente impedidas de aquecer no gramado dos estádios sob a justificativa de preservação da grama.
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A seleção brasileira chegou a registrar um momento em que se aquecia em um espaço de apenas 15 m², com odor de tinta. A situação gerou reclamações públicas após a vitória contra a Bolívia, o que levou a organização a permitir 15 minutos de aquecimento para as equipes.
A baixa presença de público nos estádios também é notável. Apesar dos ingressos terem o custo inicial de US$ 3, a média de torcedores não chega a 300 por partida, o que dificulta a promoção do esporte. A premiação também apresenta um cenário desfavorável, mantendo o mesmo valor da edição de 2022, com US$ 1,5 milhão para a seleção campeã. Adicionalmente, o sistema de VAR só está sendo utilizado na fase final do torneio.
Além das questões envolvendo a organização, as federações também são alvo de críticas pela falta de suporte adequado às atletas. A seleção do Uruguai, por exemplo, realizou um protesto antes do início do torneio reivindicando melhores condições de trabalho. As demandas incluíam o aumento das despesas de viagem, permissão para concentração em um complexo específico e aprimoramento dos equipamentos de treino. O protesto resultou em um acordo com a AUF, que atendeu às reivindicações. A seleção uruguaia chegou à semifinal pela segunda vez em sua história, mas foi eliminada pelo Brasil.
A disparidade entre o futebol feminino sul-americano e o europeu é evidente. A Eurocopa feminina, realizada recentemente na Suíça, registrou um público total de 657.291 espectadores, superando a edição anterior na Inglaterra, que contabilizou 574.875 torcedores. A UEFA também aumentou a premiação para 41 milhões de euros, um valor significativamente superior aos 16 milhões de euros em 2022 e 8 milhões de euros em 2017.
Embora o nível técnico do futebol feminino no Brasil seja frequentemente questionado, a falta de estrutura adequada dificulta o desenvolvimento do esporte. A realização da Copa do Mundo de 2027 no país gera expectativas de investimento e avanço para a modalidade, mas é imprescindível um esforço maior da CBF e da Conmebol para promover melhorias significativas.