Líderes e especialistas, incluindo ex-premiados, criticam decisão do Comitê Norueguês em 2025, apontando histórico de apoio a ações militares e sanções.
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A concessão do Prêmio Nobel da Paz de 2025 a María Corina Machado gerou forte repúdio internacional. Líderes e especialistas questionam a decisão.
A concessão do Prêmio Nobel da Paz de 2025 a María Corina Machado gerou forte repúdio internacional, com diversas vozes expressando preocupação com a escolha do Comitê Norueguês. Líderes políticos, especialistas e movimentos sociais, incluindo o jornalista espanhol Ignacio Ramonet, criticaram a decisão, alegando que ela desvirtua o propósito do prêmio.
As contestações se baseiam no histórico de Machado, que é conhecida por seu apoio ao governo de Benjamin Netanyahu e por convocações a ações de agressão militar contra a Venezuela. Ramonet, por exemplo, descreveu a situação como uma “necrose do Prêmio Nobel”, argumentando que premiar alguém que defende invasões e golpes de Estado representa uma “aberração da atual desordem internacional”, equiparando-a a uma distopia orwelliana onde a paz é guerra.
O presidente cubano Miguel Díaz-Canel Bermúdez também se manifestou, afirmando que a “politização, o preconceito e o descrédito do Comitê Norueguês do Nobel da Paz atingiram limites inimagináveis”. Ele considerou a concessão do prêmio em 2025 a uma pessoa que “instiga a intervenção militar em sua pátria” como “vergonhosa”, caracterizando-a como uma “manobra política” para enfraquecer a liderança bolivariana.
Corroborando essas críticas, o ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya Rosales declarou que a escolha de Machado é uma “afronta à história e aos povos que lutam por sua soberania”, transformando o prêmio em um “instrumento do colonialismo moderno” ao recompensar uma “golpista, aliada das elites financeiras e de interesses estrangeiros”. Ele enfatizou que “nunca há paz quando aqueles que promovem sanções, bloqueios e guerras econômicas contra seu próprio povo são recompensados”.
Mesmo um ex-laureado, Adolfo Pérez Esquivel, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1980, expressou sua preocupação. Ele destacou que María Corina Machado “faz parte da política dos EUA contra o governo venezuelano” e que a premiação não se deu por seu trabalho pela paz. Michelle Ellner, coordenadora da campanha latino-americana da plataforma americana Codepink, classificou a escolha como “absurda”, ressaltando que as políticas de Machado causaram “tanto sofrimento” e que sua ideologia se alinha à crença de que “algumas vidas são descartáveis” e a “violência pode ser vendida como ordem”, comparando a situação na Venezuela com a de Gaza.
Em contrapartida, o Comitê Norueguês do Nobel da Paz, ao anunciar o nome de María Corina Machado, justificou a escolha por seu “trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela” e sua “luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”. O presidente do Comitê, Jørgen Watne Frydnes, em Oslo, afirmou que Machado representa “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”.