Delegação nacional pautou a necessidade de recursos para mitigação e adaptação, com ministros Marina Silva e Fernando Haddad destacando valores bilionários necessários.
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Em Brasília, a delegação brasileira pautou a urgência de financiamento climático na Pré-COP, preparando o terreno para a COP30 e destacando a necessidade de bilhões de dólares.
A delegação brasileira pautou a urgência de financiamento para ações climáticas durante a Pré-COP, que acontece em Brasília nesta segunda-feira (13) e terça-feira (14), preparando o terreno para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém. Este primeiro dia de debates destacou a necessidade crítica de recursos para atingir as metas de mitigação, adaptação e uma transição socioeconômica justa para o planeta diante do aquecimento global. O encontro, que se estende até esta terça-feira, reúne negociadores de 67 nações, incluindo diplomatas e outros funcionários governamentais.
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, enfatizou a importância de reverter a lógica histórica de exploração dos recursos naturais. Ela salientou que é imperativo direcionar investimentos humanos, financeiros e tecnológicos para a preservação, restauração e uso sustentável do meio ambiente, alertando para a necessidade de agir antes que a emergência climática force as mudanças. A ministra detalhou que são necessários aproximadamente US$ 280 bilhões anuais apenas para proteger as florestas, um valor quatro vezes superior ao atualmente disponível. Para a conservação dos oceanos, a estimativa é de mais US$ 16 bilhões por ano.
Em outro momento da Pré-COP, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, ressaltou a ampliação do financiamento climático em países em desenvolvimento como uma prioridade da próxima conferência. Ele mencionou a iniciativa do Mapa do Caminho de Baku a Belém, que visa mobilizar US$ 1,3 trilhão em recursos anuais até 2035. As discussões também abordam a reforma de bancos multilaterais e a mobilização do setor privado para intensificar os investimentos necessários.
O embaixador André Corrêa do Lago, presidente designado da COP30, observou um forte alinhamento entre os países participantes em torno da necessidade de soluções multilaterais, com um foco particular e enfático na adaptação. Apesar dos esforços, apenas 62 dos 195 países apresentaram formalmente suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que representam meros 31% das emissões globais. Grandes regiões, como a União Europeia e a Índia, ainda não renovaram esses compromissos, cruciais para manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC.
A sociedade civil também marcou presença em Brasília, com representantes de cerca de 40 organizações de diversas partes do mundo entregando uma carta à Presidência da COP30. O documento apela pela disponibilização de US$ 86 bilhões anuais até 2030 para ações de adaptação, priorizando comunidades vulneráveis. Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, afirmou que a COP30 pode ser um divisor de águas se a adaptação for colocada no centro das negociações, pois sua implementação depende de financiamento previsível.
Outra demanda impulsionada pela sociedade civil é o estabelecimento de mecanismos formais para a “Transição Justa”, garantindo um futuro digno para comunidades afetadas pelas transformações climáticas. A iniciativa, conhecida como Mecanismo de Ação de Belém (BAM), é promovida pela Climate Action Network (CAN), uma rede global com mais de 1,9 mil organizações em mais de 130 países. A proposta busca institucionalizar um mecanismo multilateral que acelere e apoie os esforços nacionais de transição, oferecendo financiamento e suporte técnico, expandindo o Programa de Trabalho para uma Transição Justa (JTWP) da UNFCCC.