Preocupação com a reintrodução do vírus leva à intensificação de ações de saúde, enquanto a queda na cobertura vacinal expõe a população a novos surtos.
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O Ministério da Saúde emitiu um alerta nacional diante do registro de 34 casos de sarampo no Brasil até o início de outubro de 2025, com surtos em Tocantins, Maranhão e Mato Grosso.
O Ministério da Saúde reforçou o alerta para estados e municípios intensificarem a vigilância e as ações de saúde, após o registro de 34 casos de sarampo no Brasil até a primeira semana de outubro de 2025. A medida visa evitar a reintrodução do vírus no país, especialmente com surtos ativos já identificados em Tocantins, Maranhão e Mato Grosso.
Entre os casos confirmados, nove foram importados por pessoas que retornaram do exterior, enquanto 22 tiveram contato com indivíduos infectados fora do país. Outros três casos apresentaram compatibilidade genética com vírus em circulação internacional, evidenciando a constante ameaça externa.
No Tocantins, o surto teve início em julho, no município de Campos Lindos, região nordeste do estado. A situação foi associada ao retorno de quatro brasileiros que passaram um mês na Bolívia. A comunidade afetada, com baixo nível de adesão vacinal, permitiu a rápida transmissão entre os moradores. No Maranhão, um único caso confirmado, o de uma mulher de 46 anos, não vacinada, residente de Carolina, foi vinculado a contatos na comunidade de Campos Lindos, dada a proximidade dos municípios na divisa estadual.
Em Mato Grosso, os casos não possuem ligação com a comunidade de Campos Lindos, mas também se originaram de brasileiros que estiveram na Bolívia. O surto começou em Primavera do Leste, afetando três membros da mesma família, todos sem histórico vacinal. A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, destaca que a diminuição da cobertura vacinal tem criado condições para o retorno da doença. “O sarampo antes entrava e encontrava todo mundo vacinado e não causava surto. Agora ele chega e encontra várias pessoas suscetíveis”, afirmou a especialista.
Dados da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) revelam que, em 2024, a cobertura vacinal da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) alcançou 95,7% na primeira dose e 74,6% na segunda. Contudo, em 2025, houve uma queda, com os índices ficando abaixo da meta de 95%, registrando 91,2% para a primeira dose e mantendo 74,6% para a segunda. Tais percentuais abaixo do ideal ressaltam a vulnerabilidade da população brasileira.
Isabella Ballalai, da SBIm, explica que a vasta extensão geográfica do Brasil dificulta uma vacinação homogênea em todos os municípios. Ela também aponta que a falta de percepção de risco pela população é um fator crítico. “A ciência do comportamento mostra que, se você não vê risco, pode estar na primeira página do jornal que ‘eu não ligo’. Agora, se eu vejo o risco e estou vendo todo mundo correndo para o posto, ‘eu vou também'”, exemplificou, citando o caso da febre amarela, cuja cobertura vacinal subiu drasticamente após um surto.
Em um panorama global, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que, desde o início do ano até 9 de setembro, foram notificados 360.321 casos suspeitos de sarampo, com 164.582 confirmações em 173 países. As regiões mais impactadas incluem o Mediterrâneo Oriental, com 34% das ocorrências; a África, com 23%; e a Europa, com 18%.
Nas Américas, foram confirmados 11.691 casos de sarampo, resultando em 25 mortes em dez países. Canadá (5.006), México (4.703) e Estados Unidos (1.514) registraram os maiores números. Na América do Sul, surtos ativos foram notificados na Bolívia (320 casos), Paraguai (50) e Peru (quatro), além de um surto na Argentina com 35 casos confirmados.