Empreendedoras da ilha paraense transformam saberes ancestrais em peças de vestuário e acessórios, de olho na COP30 e na valorização local.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Resumo rápido gerado automaticamente
Mulheres artesãs da Ilha de Marajó, Pará, resgatam a arte marajoara e a transformam em moda, impulsionando a economia local com o apoio do Sebrae e de olho na COP30.
Mulheres artesãs da Ilha de Marajó, no Pará, veem na moda marajoara uma oportunidade de resgate cultural e impulsionamento econômico. A iniciativa ganha destaque com a proximidade da COP30 em Belém e o apoio de programas de fomento ao empreendedorismo.
Em Soure, Dona Cruz, de 77 anos, dedica-se à confecção de trajes de gala marajoaras. Suas peças, feitas à mão com fitas bordadas inspiradas em cerâmicas indígenas, ganharam notoriedade quando o governador Helder Barbalho as utilizou na Cúpula da Amazônia em 2023. Desde então, a procura cresceu, e a costureira envia seus produtos para diversas cidades do país, incluindo Brasília, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.
Os ganhos de Dona Cruz, que variam entre R$ 290 e R$ 410 por peça, são modestos e frequentemente reinvestidos na compra de novos materiais, enquanto a aposentadoria cobre as despesas da casa. Ela recebeu apoio da prefeitura de Soure e do governo do estado com uma máquina de costura industrial, além de orientações do Sebrae através do programa Polo de Moda do Marajó, que a auxiliou em formação de preço e estratégias de venda. No fim de outubro, Dona Cruz compartilhará seus conhecimentos ministrando um curso de camisaria marajoara.
Em Salvaterra, Rosilda Angelim, 56 anos, quilombola, transforma a arte cerâmica ancestral em moda e acessórios contemporâneos. Liderando um ateliê com seis pessoas, ela comercializa suas criações em lojas de Belém e para outras regiões. A sustentabilidade é um pilar de seu trabalho, utilizando tecidos 100% algodão e reaproveitando sobras de material, que são doadas para outras artesãs.
Glauciane Pinheiro, de 40 anos, ex-professora de francês, encontrou na costura um novo caminho após um período de desemprego e dificuldades emocionais. Ela montou sua marca, Mang Marajó, e produz roupas com estampas autorais, vendo no turismo local uma oportunidade de crescimento. Os preparativos para a COP30 já impulsionam o movimento na cidade, atraindo mais visitantes e gerando expectativas de um futuro promissor para o setor.
A esperança de que novembro traga maior visibilidade e mais investimentos públicos para a moda no Marajó é compartilhada pelas empreendedoras. No entanto, a gerente do Sebrae no Marajó, Renata Rodrigues, aponta desafios persistentes, como o acesso limitado a equipamentos modernos, a necessidade de capacitações técnicas contínuas, canais de comercialização e financiamento. Para superar essas barreiras, é crucial fortalecer parcerias institucionais, ampliar o acesso a mercados digitais e físicos, investir em formação empreendedora e garantir políticas públicas que sustentem esse processo de desenvolvimento local com identidade.