Edição histórica do evento religioso, reconhecido pela Unesco, também destaca a Casa de Plácido e a arte de Aline Folha.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Resumo rápido gerado automaticamente
A Romaria Fluvial do Círio de Nazaré movimentou Belém neste sábado (11), com milhares de pessoas e centenas de embarcações acompanhando a Imagem Peregrina. O evento antecede a grande procissão de domingo, que espera 2 milhões de fiéis.
A Marinha do Brasil conduziu a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré pela Romaria Fluvial do Círio neste sábado (11), em Belém. Partindo às 9h do Trapiche de Icoaraci, o cortejo aquático marcou o início das celebrações do Círio de Nazaré na capital paraense, atraindo uma estimativa de 50 mil pessoas e mais de 400 embarcações. O trajeto de 10 milhas marítimas, aproximadamente 18,5 quilômetros, teve duração de cerca de duas horas até a Escadinha da Estação das Docas, onde a chegada da imagem é recebida com honras de Chefe de Estado, em reconhecimento à Nossa Senhora de Nazaré como Padroeira do Pará e Rainha da Amazônia por lei estadual de 1971.
Essa celebração, que se estende por diversos dias, inclui a 233ª edição do Círio, considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Este ano, o evento é especialmente relevante por anteceder a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), sendo apelidado de “COP da floresta”. Além da romaria fluvial, o sábado também contou com uma procissão rodoviária de 24 quilômetros e uma moto romaria, após uma procissão de 52,3 quilômetros sem incidentes na sexta-feira. A programação culmina na madrugada de domingo (12), às 6h, com a procissão principal, que tem uma expectativa de reunir cerca de 2 milhões de pessoas.
A tradição do Círio remonta ao século XVIII, com a história de Plácido José de Souza. A lenda narra que, no ano de 1.700, o agricultor e caçador encontrou a pequena imagem de Nossa Senhora de Nazaré às margens do Igarapé Murutucu, onde hoje se localiza a Basílica. Após levar a imagem para casa, ela retornava misteriosamente ao local do achado, levando Plácido a construir uma ermida ali, dando origem à devoção que se consolidaria no grandioso Círio.
Em meio à grandiosidade do evento, a Casa de Plácido atua como um importante ponto de acolhimento e solidariedade para os romeiros. Coordenada por Maria da Conceição Rodrigues, a instituição, que abriu oficialmente na quarta-feira (8), oferece diversos serviços, desde atendimento médico a refeições, por meio de um esforço coletivo. Este ano, a expectativa é de atender 18 mil pessoas, com o apoio de 530 voluntários, organizados em 14 equipes de trabalho, incluindo profissionais de diversas áreas e estudantes da saúde.
No ano anterior, a instituição registrou a passagem de 238 caravanas, totalizando 20.500 pessoas, além de 11 mil romeiros visitantes. A estrutura da Casa de Plácido é fundamental para garantir o bem-estar dos participantes, com serviços de emergência médica e encaminhamento para hospitais, se necessário. O local permanece aberto até domingo (12), às 13h, reabrindo na terça-feira (14) para o restante da quinzena do Círio, permitindo que os voluntários também participem da procissão principal.
O Círio também se manifesta na arte e na cultura local, como exemplificado pelo trabalho da artista paraense Aline Folha. Suas criações, que incluem camisas, louças e ilustrações, buscam traduzir a experiência e as sensações provocadas pela festividade. Aline, que já foi convidada três vezes (em 2016, 2017 e 2022) para criar os mantos oficiais de Nossa Senhora de Nazaré, também desenvolveu coleções de louças temáticas em 2023 e 2024, intituladas Caminhos do Círio e Raízes de Fé.
Para Aline, o Círio representa uma experiência pessoal e coletiva, uma memória compartilhada que inspira suas criações. Sua arte, que incorpora elementos culturais como o tacacá, os brinquedos de miriti, os gritos de “viva, viva, viva”, os fogos de artifício e a figura feminina acolhendo uma criança, busca capturar os sentidos aflorados e as memórias afetivas que a grande festa paraense desperta. A artista mantém um ateliê na capital paraense, onde produz e ministra cursos, mantendo viva a conexão entre fé, cultura e expressão artística.