A Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução que busca impulsionar a solução de dois Estados para Israel e Palestina, marcando um passo significativo no cenário internacional. Aprovada por uma maioria expressiva de 142 votos, a medida exclui, no entanto, a participação do grupo Hamas, gerando reações imediatas. Dez países votaram contra, incluindo Israel e os Estados Unidos, seu principal aliado, enquanto 12 se abstiveram.
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A reação de Israel não tardou. Oren Marmorstein, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense, classificou a decisão como “vergonhosa” e argumentou que ela não contribui para uma solução pacífica, incentivando o Hamas a persistir no conflito. A crítica israelense surge em um contexto de longa data, com o país questionando a capacidade das Nações Unidas de condenar o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.
Apesar das críticas, a resolução da ONU condena expressamente o grupo terrorista, declarando: “Condenamos os ataques perpetrados em 7 de outubro pelo Hamas contra civis” e exigindo que o grupo “liberte todos os reféns” ainda sob seu poder em Gaza.
O texto da resolução, que conta com o apoio da Liga Árabe e foi assinado por 17 países em julho, durante uma conferência da ONU, vai além da mera condenação. Sinaliza que, “no contexto da finalização da guerra em Gaza, o Hamas deve deixar de exercer sua autoridade sobre a Faixa de Gaza e entregar suas armas à Autoridade Palestina, com o apoio e a colaboração da comunidade internacional, conforme o objetivo de um Estado palestino soberano e independente”.
A votação precede uma cúpula da ONU, copresidida por Riad e Paris, agendada para 22 de setembro em Nova York. Durante o evento, o presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu reconhecer formalmente o Estado palestino.
Richard Gowan, do International Crisis Group, ressaltou a importância do apoio da Assembleia Geral a um texto que condena diretamente o Hamas, mesmo que alguns israelenses considerem a medida tardia e insuficiente. Ele argumenta que a resolução oferece um “escudo contra as críticas de Israel” aos países que apoiam os palestinos.
Além da França, outros países indicaram a intenção de reconhecer formalmente o Estado palestino durante a semana da Assembleia Geral da ONU, vista como uma forma de aumentar a pressão sobre Israel para encerrar o conflito em Gaza.
A resolução também propõe o desdobramento de uma “missão internacional temporária de estabilização” em Gaza, sob mandato do Conselho de Segurança da ONU, visando proteger a população, apoiar o fortalecimento das capacidades do Estado palestino e fornecer “garantias de segurança à Palestina e a Israel”.
Aproximadamente três quartos dos 193 Estados-membros da ONU já reconhecem o Estado palestino, proclamado por líderes no exílio em 1988.