O Monte Sinai, local reverenciado por judeus, cristãos e muçulmanos, enfrenta um futuro incerto. Conhecido como Jabal Musa, acredita-se que seja onde Moisés recebeu os Dez Mandamentos e onde Deus falou com o profeta através da sarça ardente, conforme tradições bíblicas e do Alcorão. A região abriga o Mosteiro de Santa Catarina, do século VI, um dos mais antigos mosteiros cristãos em funcionamento contínuo no mundo.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Resumo rápido gerado automaticamente
Recentemente, planos para transformar a área em um grande empreendimento turístico geraram polêmica. O projeto prevê a construção de hotéis de luxo, vilas e centros comerciais, impactando a paisagem desértica e o modo de vida da tribo beduína Jebeleya, os guardiões tradicionais do Monte Sinai. Membros da tribo relatam a demolição de casas e acampamentos turísticos ecológicos, além da remoção de sepulturas de seus ancestrais para a construção de um estacionamento.
Críticos argumentam que o desenvolvimento, embora apresentado como sustentável e benéfico para o turismo, está sendo imposto à comunidade local sem o devido consentimento e consideração por seus costumes e tradições. A comunidade beduína, composta por aproximadamente 4 mil pessoas, tem evitado se manifestar publicamente sobre as mudanças.
A Grécia tem expressado preocupações significativas devido à sua ligação histórica com o Mosteiro de Santa Catarina. Uma decisão judicial egípcia de maio, que declarou que o mosteiro detém apenas o “direito de uso” da terra, acirrou as tensões entre os dois países. Autoridades religiosas gregas denunciaram a decisão, temendo uma ameaça à existência do mosteiro e ao seu patrimônio cultural.
O governo egípcio promove o projeto como um “presente do Egito para o mundo inteiro e todas as religiões”, com o objetivo de impulsionar o turismo e a economia local. O plano inclui a expansão do aeroporto local e a construção de um teleférico até o Monte Sinai. No entanto, críticos alertam para a destruição das características naturais únicas da região, reconhecida como Patrimônio Mundial pela UNESCO.
A UNESCO manifestou preocupação e solicitou ao Egito que interrompesse os empreendimentos, avaliasse seu impacto e desenvolvesse um plano de conservação. Ativistas apelaram à comunidade internacional, incluindo o rei Charles III, para que interceda na preservação do patrimônio do mosteiro.
Apesar das críticas, o governo egípcio continua a ver esses projetos como essenciais para revitalizar a economia e alcançar a meta de 30 milhões de visitantes até 2028. No entanto, a história do desenvolvimento comercial no Sinai tem sido marcada pela falta de consulta e consideração pelas comunidades beduínas locais, levantando preocupações sobre o futuro do Monte Sinai e de seus habitantes tradicionais.