Tarifa nos EUA Ameaça Mercado Global de Café e Pode Aumentar Preços

A imposição de sobretaxas ao café brasileiro pelo governo dos Estados Unidos pode desencadear um “grande desarranjo global” no mercado e exercer pressão sobre os [...]

A imposição de sobretaxas ao café brasileiro pelo governo dos Estados Unidos pode desencadear um “grande desarranjo global” no mercado e exercer pressão sobre os preços internacionais. A avaliação é de Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

As medidas, segundo Matos, já estão impactando negativamente os produtores brasileiros e elevando a inflação para os consumidores norte-americanos. Com o objetivo de reverter essa situação, uma comitiva de empresários do agronegócio planeja uma viagem aos Estados Unidos no início de setembro. O objetivo é negociar a remoção ou, ao menos, a redução das tarifas.

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A imposição de tarifas dos EUA ao café brasileiro pode desregular o mercado global e aumentar os preços, impactando negativamente produtores e consumidores americanos, segundo Marcos Matos, do Cecafé. Uma comitiva brasileira planeja ir aos EUA em setembro para negociar a remoção ou redução das tarifas, buscando reverter o impacto inflacionário e defender a importância do café brasileiro para os blends americanos. O setor do café representa 1,2% do PIB dos EUA e gera 2,2 milhões de empregos, com 76% da população americana consumindo a bebida. Contratos de exportação já estão sendo afetados, e o governo brasileiro busca medidas de apoio, embora existam limitações no Reintegra para o café verde, principal produto exportado aos EUA.

“Já tínhamos iniciado diálogos com o Departamento de Estado americano e percebemos que havia informações equivocadas sobre a realidade do mercado. O café brasileiro é essencial para o consumidor norte-americano, que não pode sofrer ainda mais com inflação. Representamos mais de 30% do abastecimento dos EUA”, destacou Matos.

O diretor do Cecafé ressaltou a importância do café para a população americana, onde 76% consomem a bebida. O setor representa 1,2% do PIB dos EUA e gera 2,2 milhões de empregos. Ele acredita que a sobretaxa, em vigor desde 6 de agosto, já está impactando o bolso dos consumidores.

“A inflação já está sendo detectada na xícara do consumidor. Desde o anúncio das tarifas, os preços na bolsa subiram de uma faixa de US$ 2,70–2,80 para quase US$ 3,60 por libra-peso, refletindo a pressão e o desequilíbrio no mercado”, explicou.

Matos também enfatizou a importância do café brasileiro para os blends consumidos nos EUA. “Há séculos o Brasil participa de forma majoritária nesses blends. Não é fácil substituir nosso produto, especialmente num momento em que a produção mundial de arábica enfrenta restrições climáticas.”

Apesar do impacto das tarifas, a diversificação de mercados continua sendo uma prioridade. “Mercados tradicionais, como a União Europeia, cresceram no ano passado. Temos também avanços em países árabes, asiáticos e na China. Mas os Estados Unidos ainda são o maior consumidor global. Por isso, resolver a questão americana é estratégico para os dois lados.”

Os efeitos das tarifas já são sentidos no campo, com contratos sendo postergados ou cancelados, e substituídos por cafés de outras origens, mesmo a custos mais altos. Há limitações nas medidas de apoio anunciadas pelo governo brasileiro.

“Os detalhes sobre carência, limites por empresa e juros ainda não estão claros. Outro ponto é que 90% do café exportado aos EUA é verde, mas essa categoria não está contemplada no Reintegra”, afirmou Matos. Ele defende um tratamento urgente para a questão. “Se não houver avanço nas negociações, o prejuízo será enorme e o mercado internacional ficará cada vez mais desregulado, com preços em alta e imprevisibilidade para toda a cadeia global do café.”

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