Em meio a tensões comerciais, o ex-presidente Donald Trump criticou abertamente o Brics, bloco econômico formado por Brasil, Rússia, China, Índia, Irã, Etiópia, Indonésia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos e Egito. Trump chegou a usar a participação da Índia no Brics como um dos motivos para impor tarifas de 25% sobre produtos importados do país.
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“Eles têm o Brics, que é basicamente um grupo de países que são anti-Estados Unidos”, afirmou Trump, acusando o bloco de promover um “ataque ao dólar”. Ele também sinalizou a intenção de impor sanções aos países membros, sem detalhar quais medidas seriam tomadas.
Essa não é a primeira vez que Trump manifesta descontentamento com o Brics. Após a última cúpula no Rio de Janeiro, onde os membros criticaram as políticas tarifárias americanas e propuseram reformas no Fundo Monetário Internacional (FMI), o então presidente já havia expressado sua insatisfação.
As importações brasileiras serão alvo de uma tarifa de 50%, com exceção de cerca de 700 produtos, incluindo suco de laranja, aeronaves e petróleo. Trump justificou a medida alegando “tratamento injusto” ao ex-presidente Jair Bolsonaro, réu em um processo no Supremo Tribunal Federal (STF).
O Brics, que representa quase metade da população mundial e 40% da riqueza global, é visto por alguns analistas como um contraponto à influência ocidental. Para especialistas em Relações Internacionais, Trump enxerga o bloco como uma força anti-hegemônica, que desafia a ordem mundial liderada pelos Estados Unidos desde o pós-Segunda Guerra.
A expansão do Brics, com a recente adesão de Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Indonésia, também pode ser vista como uma ameaça. Mais de 40 países já manifestaram interesse em ingressar no grupo. O bloco oferece alternativas a instituições como o FMI e o Banco Mundial, através do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), e busca reformas em organismos internacionais como o Conselho de Segurança da ONU e a OMC.
Outro ponto de atrito é a discussão sobre alternativas ao dólar nas transações comerciais entre os membros do Brics. A Rússia, após ser excluída do sistema Swift, tem defendido a criação de uma plataforma digital própria e o uso das moedas nacionais no comércio interno. Lula defende a adoção de uma moeda diferente do dólar para comércio entre países do grupo há anos.
Trump já ameaçou o Brics, afirmando que o bloco “acabaria muito rapidamente” se continuasse com seus planos de substituir o dólar, declarando estar comprometido em preservar a liderança global da moeda americana.
Além do Brasil, outros membros do Brics foram afetados pelas tarifas impostas por Trump, como Etiópia, Egito e Emirados Árabes Unidos (10%), Indonésia (19%), África do Sul e China (30%). Essas taxas, segundo especialistas, são utilizadas como mecanismo geopolítico para controle de mercados.
Apesar das tensões, alguns analistas acreditam que as ações de Trump podem fortalecer o Brics, obrigando os países atingidos a buscar novos parceiros comerciais dentro do bloco. A situação atual pode acelerar a coesão do grupo e a adesão de novos membros, consolidando a “decadência relativa” dos EUA no cenário global.