A imposição de tarifas adicionais de até 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo governo dos Estados Unidos e com validade a partir de 1º de agosto, já reverbera na economia de Mato Grosso do Sul. Setores como o de produção de ferro-gusa e a citricultura, em expansão no estado, enfrentam incertezas após a realocação de carne bovina que seria exportada para o mercado americano.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
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Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), o impacto das tarifas vai além do agronegócio tradicional, afetando setores estratégicos. O aumento das taxas de importação eleva os custos dos produtos brasileiros, dificultando sua entrada no mercado americano.
Para a citricultura, a sobretaxa representa um possível retrocesso. A elevação dos custos de exportação pode adiar investimentos e frear a expansão da cultura, que ocupa 25 mil hectares no estado. Embora projetos já em andamento não devam ser descontinuados, o receio é que novos aportes sejam retardados, alterando o cenário de longo prazo para o setor. A expectativa de instalação de uma indústria de suco de laranja no estado, após o plantio de 30 mil hectares, também pode ser afetada.
O setor de minério de ferro é outro ponto de preocupação. No primeiro semestre, o Brasil enviou 94,5 mil toneladas de ferro para os EUA, totalizando US$ 40,5 milhões. A produção de ferro-gusa, em Corumbá, Ribas do Rio Pardo e Aquidauana, é apontada como a mais vulnerável, já que mais de 90% da produção é destinada ao mercado americano. A ausência de mercados alternativos em grande escala agrava a situação.
Apesar do cenário desafiador, o setor de carnes conseguiu encontrar novos mercados, mitigando as perdas com a tarifa. A competitividade do Brasil no mercado internacional também é favorecida pelo fato de que outros países também enfrentam elevações tarifárias nos Estados Unidos.
A região centro-sul de Mato Grosso do Sul atraiu grandes grupos produtores nos últimos anos, impulsionada pela crise do greening em São Paulo. A tarifa imposta pelos EUA, por sua vez, é vista como um “pedágio” que não remunera nenhuma estrutura, impactando negativamente a economia.