Paraguai e Argentina formalizaram, na última quarta-feira, um acordo que pode transformar o cenário energético do Mato Grosso do Sul. A iniciativa prevê a construção do Gasoduto Bioceânico, uma infraestrutura estratégica para conectar os ricos campos de gás natural de Vaca Muerta, na Argentina, ao mercado brasileiro, com passagem pelo Paraguai.
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Este projeto surge como uma alternativa crucial para Mato Grosso do Sul, que enfrenta desafios decorrentes da diminuição no fornecimento de gás boliviano, atualmente a principal fonte do produto no estado.
O memorando de entendimento foi assinado durante a Cúpula de Presidentes do Mercosul, em Buenos Aires, delineando a criação de um grupo técnico binacional. Este grupo será responsável por conduzir estudos detalhados sobre a viabilidade técnica, econômica e ambiental do gasoduto. A rota mais provável para o gasoduto atravessará o Chaco paraguaio, utilizando o território como um corredor logístico estratégico para alcançar o mercado consumidor brasileiro.
De acordo com o ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Javier Giménez, a construção do gasoduto não apenas impulsionará a economia, mas também fortalecerá a indústria local, gerando empregos e atraindo investimentos. Ele destacou o potencial de crescimento do Chaco paraguaio, onde a disponibilidade de gás natural poderá alimentar indústrias com matéria-prima e mão de obra local.
O gasoduto se integra ao ambicioso projeto da Rota Bioceânica de Capricórnio, um corredor logístico de aproximadamente 2,4 mil km que interliga Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Essa infraestrutura, composta por rodovias, pontes e dutos, tem como objetivo facilitar o fluxo de mercadorias entre os oceanos Atlântico e Pacífico, estabelecendo uma alternativa competitiva ao Canal do Panamá no acesso aos mercados asiáticos.
A diminuição na importação de gás boliviano para Mato Grosso do Sul causou um impacto significativo na arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), afetando o orçamento estadual. O governo estadual reportou uma redução de US$ 156 milhões na importação no primeiro semestre, apesar do crescimento de outros setores, como o de celulose, que atualmente representa 36% da balança comercial do estado.
O governador Eduardo Riedel descreveu a situação como paradoxal. Embora haja uma previsão de crescimento de 5,5% no PIB (Produto Interno Bruto), a arrecadação ficou abaixo do esperado devido à queda na importação de gás. Segundo o governador, o governo estadual pretende ajustar o orçamento para 2026 e continuar investindo no crescimento do estado.
A alternativa argentina pode garantir maior segurança energética ao estado, que já planeja expandir a rede de gás natural por meio da MSGÁS, com projetos como a extensão até Inocência para atender a futura fábrica da Arauco, além de novos empreendimentos industriais e imobiliários em Campo Grande. O Gasbol, o atual gasoduto entre Bolívia e Brasil, continua em operação, mas com capacidade limitada.