O sistema prisional, destino final de líderes de facções criminosas, precisa de reformulações urgentes para combater a expansão do crime organizado ligado ao tráfico de drogas. A avaliação é do delegado titular da Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar).
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Segundo o delegado, mudanças no regimento de penitenciárias federais, onde estão presos alguns dos principais chefes de facções, e em outros presídios estaduais e nacionais, são cruciais para enfraquecer o crime organizado.
“As facções estão espalhadas no Brasil inteiro. Muito se fala em combater os faccionados na comunidade, mas é preciso combater também o faccionado preso, que de dentro da prisão movimenta drogas e fomenta homicídios”, ressaltou o delegado.
Para o titular da Denar, o sistema prisional brasileiro necessita de melhorias na fiscalização, a fim de impedir que os líderes de facções continuem a influenciar o crime organizado de dentro das cadeias.
“O que precisa mudar não são os pequenos faccionados da comunidade, mas a repressão aos faccionados que estão dentro do sistema prisional e, de lá, comandam vários tipos de delito. Este sistema é falho e vulnerável”, afirmou.
A preocupação com a comunicação ilícita dos presos é uma das prioridades da Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen). Desde o ano passado, quando a Polícia Penal interceptou um drone com equipamentos para celulares sobrevoando o Complexo Penitenciário, a Agepen tem intensificado o combate ao uso de celulares por detentos.
Entre as medidas adotadas para impedir a comunicação ilegal estão vistorias periódicas nas celas, escaneamento de visitantes, servidores e colaboradores, e o uso de aparelhos de raios X para examinar pertences e produtos levados às penitenciárias.
A Agepen considera o uso de drones para arremessar equipamentos de comunicação na Máxima de Campo Grande um dos principais desafios. Para combater essa prática, estão sendo instaladas telas sobre os pavilhões e solários. Além disso, transferências estratégicas de indivíduos considerados relevantes para unidades do Complexo da Gameleira têm sido realizadas como parte da estratégia de segurança.
Com influência dentro e fora do país, a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) mantém integrantes ativos em países que fazem fronteira com Mato Grosso do Sul, como Paraguai e Bolívia. Dados do Ministério Público de São Paulo (MPSP) revelam que a facção, que usa o estado como rota para transportar drogas e armas, tem o Paraguai como um importante centro de negócios.
Ainda conforme o levantamento, há centenas de integrantes do PCC em território paraguaio, parte deles presos, mas outra parcela em liberdade. Na Bolívia, o número de membros da facção também é significativo.
Devido à sua localização estratégica, Mato Grosso do Sul tem sido utilizado por traficantes de outros estados como um centro logístico para o envio de drogas no país. “Em razão da posição topográfica de Mato Grosso do Sul, que faz divisa com estados, formam-se consórcios entre traficantes de outros estados, que aqui se instalam para receber a droga que é advinda da Bolívia e do Paraguai, a qual passa pela fronteira seca vulnerável”, explica o delegado.
Organizações criminosas têm utilizado galpões e barracões na capital como armazéns temporários para esconder drogas, como cocaína e maconha, que atravessam a fronteira. Nesses locais, a droga é misturada à carga lícita em grandes caminhões, que a transportam para traficantes em outras unidades federativas.