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Sobrevivente de ataque em Gaza contradiz Israel sobre morte de 15 paramédicos: ‘Éramos todos civis’

Em um relato que desafia a versão israelense, Munther Abed, o único sobrevivente de um ataque que matou 15 profissionais de saúde em Gaza, contesta as alegações de que as ambulâncias se aproximaram de soldados israelenses de forma suspeita e com as luzes apagadas. “Sou [...]

O paramédico Munther Abed sobreviveu ao ataque que matou 15 profissionais de emergência — Foto: BBC

Em um relato que desafia a versão israelense, Munther Abed, o único sobrevivente de um ataque que matou 15 profissionais de saúde em Gaza, contesta as alegações de que as ambulâncias se aproximaram de soldados israelenses de forma suspeita e com as luzes apagadas. “Sou o único sobrevivente que viu o que aconteceu com meus colegas”, afirma Abed, mostrando fotos das vítimas em seu telefone. O ataque, ocorrido em 23 de março, vitimou equipes do Crescente Vermelho Palestino, da Defesa Civil de Gaza e da UNRWA.

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O sobrevivente Munther Abed contradiz a versão israelense sobre um ataque em Gaza que matou 15 profissionais de saúde, incluindo equipes do Crescente Vermelho Palestino, da Defesa Civil de Gaza e da UNRWA, ocorrido em 23 de março na região de al-Hashashin. Israel alega que os veículos se aproximaram de forma suspeita, resultando na morte de membros do Hamas e da Jihad Islâmica, mas Abed afirma que as ambulâncias estavam com as luzes acesas e que todos eram civis. O ministro israelense Gideon Saar declarou que um dos mortos era membro do Hamas, porém, o nome não consta na lista das vítimas, e a ONU, que informa que 1.060 profissionais de saúde foram mortos no conflito, pede investigação sobre o caso. Sam Rose, da UNRWA, classificou o tratamento dado aos corpos como uma possível violação do direito humanitário internacional.

Segundo a ONU, cinco ambulâncias, um caminhão de bombeiros e um veículo da ONU foram alvejados “um por um” na região de al-Hashashin, no sul de Gaza. Os corpos das vítimas foram recuperados de uma vala comum no último domingo (30/3). Abed relata que as equipes se reuniram perto de Rafah após receberem informações sobre feridos, e que os veículos foram atacados sequencialmente, começando com o da ONU por volta das 5h da manhã.

Israel alega que seus soldados abriram fogo porque os veículos se aproximavam de forma suspeita, sem coordenação e com as luzes apagadas, resultando na morte de nove membros do Hamas e da Jihad Islâmica. Contudo, Abed refuta veementemente essa versão. “Durante o dia e à noite, é a mesma coisa. As luzes externas e internas ficam acesas. Tudo indica que se trata de um veículo ambulância que pertence ao Crescente Vermelho Palestino. Todas as luzes estavam acesas até que o veículo ficou sob fogo direto”, assegura.

Abed relata ainda que foi retirado dos destroços por soldados israelenses, preso e interrogado por mais de 15 horas antes de ser libertado. Questionado sobre o caso, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, declarou que “as FDI não atacaram aleatoriamente uma ambulância”, reiterando a alegação de que os veículos avançavam de forma suspeita e sem identificação. Saar acrescentou que um dos mortos foi identificado como Mohammed Amin Ibrahim Shubaki, um membro do Hamas envolvido no ataque de 7 de outubro, juntamente com outros “terroristas”.

No entanto, o nome de Shubaki não consta da lista dos 15 profissionais de emergência mortos, que incluíam paramédicos do Crescente Vermelho, socorristas da Defesa Civil e um funcionário da UNRWA. Israel não apresentou evidências que corroborem a ameaça representada pelos profissionais de saúde, nem informou o paradeiro do corpo de Shubaki. Abed nega categoricamente a alegação de que o Hamas possa ter usado as ambulâncias como disfarce: “Isso é totalmente falso. Todos nas equipes eram civis. Nosso principal dever é oferecer serviços de ambulância e salvar vidas”.

O ataque gerou forte indignação e pedidos de responsabilização. Sam Rose, diretor interino do escritório da UNRWA em Gaza, classificou o tratamento dado aos corpos como “total indignidade e o que parece ser uma violação do direito humanitário internacional”, clamando por uma investigação completa. A ONU informa que pelo menos 1.060 profissionais de saúde foram mortos desde o início do conflito. “Sem dúvida, todos os funcionários de ambulância, todos os paramédicos, todos os trabalhadores humanitários dentro de Gaza neste momento se sentem cada vez mais inseguros, cada vez mais frágeis”, lamenta Rose.

Enquanto isso, um paramédico permanece desaparecido após o ataque de 23 de março. Abed, visivelmente abalado, descreve as vítimas como “não apenas colegas, mas amigos, minha segunda família”. Determinado a buscar justiça, ele declara: “Vou expor os crimes cometidos pela ocupação [de Israel] contra meus colegas. Se eu não fosse o único sobrevivente, quem poderia ter contado ao mundo o que fizeram com eles, quem poderia contar sua história?”

Fonte: http://g1.globo.com

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