O governo federal planeja universalizar o acesso à internet em todas as unidades de saúde indígena do país até o final de 2026. A iniciativa visa aprimorar a atenção primária à saúde dos povos originários, permitindo o uso da telessaúde e melhorando as condições de trabalho dos profissionais.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Resumo rápido gerado automaticamente
Segundo o secretário nacional de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, a meta é alcançar todas as unidades até o final de 2025. “Nosso objetivo é chegar até o final do ano que vem com a universalização da conectividade em todas as unidades de saúde indígenas do nosso país”, declarou Tapeba.
Telessaúde e Conectividade
A conectividade facilitará a ampliação do uso da telessaúde, permitindo que indígenas acessem médicos especialistas sem sair de suas aldeias. Atualmente, 19 dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis) já oferecem o serviço de telessaúde com internet banda larga fornecida pelo Programa Conecta Brasil, do Ministério das Comunicações. Essa tecnologia possibilita exames de rotina e consultas com diversas especialidades médicas diretamente dos polos-base, beneficiando mais de 781 mil indígenas.
Os Dseis são unidades gestoras do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) e organizam os serviços de saúde com base na distribuição geográfica das comunidades, por meio das Unidades Básicas de Saúde Indígenas (UBSIs), polos-base e Casas de Saúde Indígena (Casais).
Desafios e Financiamento
Além de facilitar o atendimento, a conectividade nas unidades de saúde é vista como uma estratégia para melhorar as condições de trabalho dos profissionais, especialmente em territórios remotos. “Temos territórios de difícil acesso, onde o recrutamento não é um processo fácil, pois o profissional precisa praticamente ficar morando no território por um longo período, às vezes, por meses”, explicou Tapeba.
Até o momento, mais de 700 pontos de conectividade já foram implementados. O secretário destacou a importância do aporte de recursos financeiros para a execução das políticas públicas. Ele lembrou que, durante a transição entre os governos, houve uma proposta de corte de 59% no orçamento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), mas a atual gestão conseguiu recompor e ampliar o valor em cerca de R$ 1 bilhão nos dois primeiros anos, elevando o total para aproximadamente R$ 3 bilhões.
Apesar do reforço orçamentário, Tapeba reconhece que ainda há um passivo significativo, principalmente na área de saneamento básico. Segundo ele, cerca de 60% dos territórios indígenas ainda não têm acesso à água potável. “Há vazios assistenciais. Locais onde as ações de saúde são a única materialização da presença do Estado brasileiro”, afirmou.
Tapeba ressaltou que a manutenção dos serviços exige continuidade no financiamento. O orçamento da saúde indígena sustenta cerca de 22 mil profissionais, além das unidades de atendimento, investimentos em saneamento e contratos logísticos dos Dseis. Ele estima que seriam necessários entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões para suprir todas as demandas e eliminar os vazios assistenciais, especialmente na região amazônica.
Dados da Sesai mostram que os atendimentos aos indígenas aumentaram significativamente nos últimos anos, passando de 9,18 milhões em 2018 para 17,31 milhões em 2023. Para atender à crescente demanda, a secretaria vem ampliando parcerias com universidades e instituições públicas por meio de termos de execução direta, acordos de cooperação técnica e outras formas de colaboração interinstitucional.
Fonte: campograndenews.com.br