As demissões a pedido representaram quase metade de todos os desligamentos de empregos formais em Mato Grosso do Sul no mês de fevereiro. De acordo com um levantamento, 46,67% das demissões no período foram motivadas pela iniciativa dos próprios trabalhadores.
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Em fevereiro de 2025, um total de 33.005 pessoas foram desligadas de seus empregos no estado, sendo que 15.404 delas pediram demissão. No mês anterior, janeiro, a taxa de demissões a pedido foi de 46,94%, correspondendo a 15.798 de um total de 33.687 desligamentos. Os índices de janeiro e fevereiro são os maiores desde o mesmo período de 2024, quando as taxas atingiram 48,69% e 47,06%, respectivamente. O levantamento é do economista Bruno Imaizumi, da consultoria LCA 4intelligence.
Análise do Cenário
A economista Andreia Ferreira, supervisora técnica do Dieese no estado, relaciona o cenário de 2022, ano de eleições, com a alta taxa de demissões a pedido. Segundo ela, a polarização política da época pode ter influenciado a decisão dos trabalhadores.
“Quem tinha o emprego (em dezembro de 2022) estava se sujeitando a qualquer coisa e isso ficou evidente também nas negociações salariais, porque os trabalhadores estavam, eles estavam brigando nas mesas de negociação pra conseguir manter aquilo que já estava registrado nos instrumentos de trabalho, no acordo coletivo de trabalho ou na convenção coletiva de trabalho. As pessoas se sujeitaram a muitas coisas que foram que lhes foram prejudiciais, porque era menos pior manter o emprego do que ficar sem perspectiva de ter uma fonte de renda nenhuma”, destacou Ferreira.
Ferreira também aponta para uma cultura imediatista e a facilidade dos trabalhos por aplicativo como fatores que contribuem para o aumento das demissões voluntárias. “Eu acredito que tem também essa questão, tem uma visão imediatista. As pessoas elas pensam no que elas vão ter agora no bolso, e acabam ficando nessa perspectiva de que vai ganhar mais não sendo CLT e a pessoa só reage quando fica sem o benefício do INSS, quando fica desassistido de alguma forma”, avalia.
O mestre em economia, Eugênio da Silva Pavão, concorda que a busca por renda imediata e a dificuldade em negociações salariais podem levar trabalhadores a se arriscarem na informalidade. “Trabalhar sem contribuir deixa a impressão de se ter uma renda disponível mais alta, entretanto, com a reforma trabalhista, dificuldades de negociação de salários, bem como falta de oportunidades, fazem com que algumas pessoas arrisquem-se na informalidade”, analisa Pavão.
Impacto da Pandemia
Pavão também destaca que a pandemia acelerou a migração para trabalhos informais, como os de aplicativos. “A economia das plataformas mudou o quadro do emprego, os quais estarão disponíveis para as pessoas que se adaptarem. E os que se aventuram, levando e trazendo encomendas, correm o risco, sem seguro de saúde, sem acesso aos benefícios do INSS”, aponta.
Os especialistas concordam que a busca por uma aposentadoria mais promissora não parece ser o principal motivador das demissões a pedido. Pavão ressalta que a reforma previdenciária, com o aumento do tempo de contribuição e das idades mínimas, pode ter desestimulado o emprego formal.
Fonte: campograndenews.com.br