Investigação da Polícia Federal revelou um esquema de adulteração de formulários de adesão à Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil), lesando aposentados em Mato Grosso do Sul. A ação, que faz parte da Operação Sem Desconto, aponta para a coleta de assinaturas de aposentados sob falsos pretextos, com o objetivo de forjar autorizações para empréstimos.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Resumo rápido gerado automaticamente
Bruno Deitos, proprietário da empresa Premier Recursos Humanos, relatou ter sido contratado pela Target Pesquisas de Mercado para atualizar cadastros de associados da Conafer e, durante esse processo, coletar as assinaturas. A Target, contratada diretamente pela Conafer, terceirizou o serviço para a Premier.
Em depoimento, Deitos afirmou que sua empresa foi contratada para atuar em Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Goiás, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso, recrutando promotores de pesquisa para colher assinaturas dos associados em formulários que deveriam ser de exclusão de desconto de mensalidade, associação, e relatório de ausência ou mudança de endereço. No entanto, a intenção era utilizar as assinaturas para alterar documentos em PDF, transformando os formulários em termos de adesão. Segundo o empresário, o dono da Target o informou sobre a fraude.
Deitos também relatou ter sido ameaçado por Tiago Ferreira Lopes, irmão do presidente da Conafer, Carlos Roberto Ferreira Lopes, após não receber o pagamento total pelo serviço prestado. Em um segundo depoimento, o empresário mencionou que o presidente da Conafer teria afirmado ter “domínio sobre os diretores do INSS”, sugerindo o repasse de vantagens financeiras para alterar dados no sistema e obter informações de aposentados e pensionistas.
O empresário informou à polícia possuir 28,7 mil fichas de assinaturas coletadas nos seis estados onde atuou. A Conafer figura como ré em 1.034 processos judiciais em Mato Grosso do Sul, acusada de práticas abusivas.
Até o momento, nem a Conafer, nem a Target, nem advogados relacionados ao caso responderam aos pedidos de esclarecimentos da imprensa.